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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Mimi







Apresento-vos a gata Mimi. Com seus olhos verdes, brilhantes, que por um pouco quase não cabiam no devido lugar... o pelo preto, cor de ébano é macio e luzidio.

Posso dizer que é uma gatinha feliz. Mas nem sempre assim foi.

Numa noite de Julho, em que as estrelas brilhavam, em que o ar corria quente, um miado aflitivo feria os ouvidos. Mas quando na Terra foram deixados seres tão ruins, que nem o nome de Homem lhes deveria ser posto, outros andam por aí tentando desfazer o mal que, infelizmente, não pára de ser feito. E a pobre da Mimi, guiando com seus miados doloridos as mãos amigas que a haviam de salvar de cruel destino, pegada no colo com carinho, foi levada com cuidado ao veterinário. Tinha uma anca partida, teve de ser operada e depois da recuperação já corre, brinca e seus olhos já riem... Está em casa de meu filho mais velho onde é acarinhada por todos nós, de tal maneira que uma amiga minha já diz que ela tem um miado de mimo... Mas ao principio tinha medo de todos nós, escondia-se, fugia, tinha horror a que lhe pegassem ao colo... tanto mal alguém lhe fez...

Agora já corre para nós, salta para o nosso colo e adora que lhe façam festas, que lhe cocem o pescoço. Agora a Mimi é uma gatinha feliz!!!

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Gaivotas ao Pôr do Sol

E o sol mais uma vez decidiu dizer adeus. Mais uma vez, como aliás vem sendo seu hábito desde que foi posto lá em cima. Sua obrigação tinha sido cumprida, tinha dado luz, calor e deliciado a Natureza com seus raios... portanto, decidiu descansar umas horas, para depois aparecer outra vez e cumprir seu destino. E bem devagarinho, quase sem darmos por isso, lá fez ele o que costuma fazer há milénios e milénios de séculos... mergulhou no mar, seu amigo de sempre, seu leito, seu travesseiro...

E mal começou a mergulhar, a vida ficou diferente! O areal imenso, ainda há pouco repleto de pés correndo, cabeças de grandes chapéus (que o sol queimava), braços que se agitavam em acenos e em gesticulações frenéticas, agora está deserto!


Deserto não, cheio de outras vidas. Vidas diferentes, mas vidas! As gaivotas tomaram de volta aquilo que por direito lhes pertence... o mar, a areia, os raios solares que ainda por ali se espraiavam...


E em grupo, alisando as penas, sacudindo os rabinhos, debicando aqui e ali, quem sabe falando da vida, do mundo, quiçá dos cardumes encontrados, ou das traineiras carregadas que perseguiram ao virar da tarde, as gaivotas alegram as águas calmas e dizem adeus ao sol, que cada vez se esconde mais...


E no voltear da espuma que nasce da serena ondulação, na areia ainda morna, fofa e convidativa, elas esvoaçam como que levantadas pela aragem cheia de maresia. Seu cantar que em gritos estridentes vão enchendo o areal, são um hino, talvez ao dia que acaba... quem sabe se à noite que chega!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Aurora na Portela

Foi ontem. O sono decidiu ir dar uma volta. Um olho abriu... convidou o outro para dar uma espreitadela... o outro fez-lhe a vontade... e aí está! O sono decidiu ir dar uma volta. E voltas e voltinhas dei eu na cama, sem conseguir que os malandrecos se decidissem a recolher debaixo das pálpebras, que coitadas, apesar de pesadas, continuavam bem abertas.
Antes de acordar o pobre marido e ser expulsa da cama por má vizinhança, ordenei aos dois pés que saíssem da cama, no que fui imediatamente obedecida e sendo eles seguidos pelas respectivas pernas, lá fui eu, sem barulho, pela casa fora á procura do sono. Não encontrei. Mas ao aproximar-me duma janela, dei razão aos olhos, valia a pena eles estarem abertos. Lá longe, no horizonte visível, o espectáculo era este que aqui vos deixo, para comigo saborearem a arte da Natureza, a beleza que não é possível explicar, tem de ser vista!
E depois de dar razão aos olhos, voltámos todos (eu, os pés, as pernas e claro, os olhos cujas pálpebras já se fechavam) voltámos para a cama onde, o sono devagar, sem pressas, chegou... e ficou!